segunda-feira, 3 de maio de 2010

Cada vez mais fã da fofura da Thalita!


Todo mundo gosta de gente animada, de fala e sorriso fácil. Thalita Rebouças é desse jeito, agradável e muito simpática em todos os momentos. Quem quiser conferir é só acompanhar os programas da Rede Globo, Caldeirão do Huck, Mais Você e Video Show. A escritora está sempre emprestando seu charme, talento e beleza para quadros cada vez mais elaborados e bacanas. Deixo o link do Blog da Thalita. Aqui essa querida está sempre publicando textos novos, uma ótima dica para as mamães que querem descobrir o universo adolescente e para a galerinha, que está super afim de conhecer Thalita no Só Para Mulheres. Beijos para todos!

Mind the gap por Martha Medeiros


Martha Medeiros, jornal globo, 04/04/2010.

"Claro que a vida sonhada é determinante para a busca da felicidade, que o sonho é mais inspirador do que a realidade, mas cuidado com o vão. É onde a gente se machuca"


Quem já viajou pra outros países, especialmente os de idioma inglês, e andou de metrô, já deparou com o aviso que há em cada estação subterrânea. Ou está escrito no chão ou os alto-falantes avisam: "Mind the gap". Significa "cuidado com o vão". Não caia. Não dê um passo em falso. Fique atrás da linha amarela. Não avance. Não arrisque cair nos trilhos.
Estava eu, numa noite de sábado, assistindo em casa ao filme "Notas de um escândalo", cujo atrativo maior é o duelo de duas grandes atrizes, Cate Blanchett e Judi Dench, quando a personagem da insatisfeita Cate saiu-se com essa frase: "Temos que ter cuidado com o vão. Que é a distância entre a vida que você sonha e a vida como ela é."
A distância entre a vida que você sonha e a vida como ela é.
Mind the gap, pois a queda é dolorosa. Mantenha-se com os pés firmes na vida que você tem. Claro que a vida sonhada é determinante para a busca da felicidade, claro que é essa vida "do lado de lá" que nos mantém despertos, claro que o sonho é mais inspirador do que a realidade, porém, cuidado com o vão. É onde a gente se machuca.
O túnel de uma estação de metrô costuma ser recheado de cartazes publicitários. Fotos de ilhas caribenhas para vender cartão de crédito, fotos de mulheres sublimes para vender cosméticos, fotos de casais jovens e apaixonados para vender roupas. Um mundo lindo e perfeito, sem tédio, sem dívidas, sem solidão. Ali, do outro lado do vão.
E a gente olhando tudo isso, parado, em pé, segurando uma mochila pesada, enquanto espera o trem.
Se você está viajando a turismo, se está em outra cidade ou em outro país, de certa forma já está do lado de lá do vão, está vivendo um instante de deslumbramento, em que se encontra longe do trabalho, com algum dinheiro pra gastar, com tempo livre, tirando férias da rotina e de você mesmo: não seria essa a descrição perfeita de "a vida que você sonha."?
Férias é sempre um apsseio por essa outra vida, a idealizada.
Mas pense bem: imagine uma vida eterna de prazeres, sem hora pra dormir nem para acordar, com o mundo bem resolvido, o céu sempre azul, um amor tranquilo, champanhe e caviar dia e noite. Uma semana, um mês, dez anos sem motivos para chorar, sem um compromisso a cumprir, sem um desafio.
Fazendo esta transferência, consigo me ver estampada nas paredes de uma estação, eu e minha vida de comercial de cartão de crédito, olhando aquela outra mulher na plataforma oposta, em pé, esperando o trem para levá-la a uma reunião de trabalho, a um encontro que pode frustrá-la ou surpreendê-la, a um bairro em que pode estar chovendo, a um acontecimento que deixará seu coração palpitando, e penso que talvez eu continuasse angustiada com a imensa distância que há entre a vida que a gente sonha e a vida como ela é.
Estamos sempre de olho na outra margem, na plataforma de lá. E o vão nunca some.